Uma lenda da indústria quebrou o silêncio, e o estrondo foi maior que um Genki Dama. Kazuhiko Torishima, o editor lendário que não só descobriu Akira Toriyama como foi o arquiteto por trás do sucesso inicial de Dragon Ball, disparou a verdade que muitos fãs sussurram há anos: Goku está ultrapassado.
Em uma declaração bombástica durante uma live, Torishima não usou meias-palavras: "Seria melhor produzir uma história do Vegeta do que Dragon Ball Super. Dragon Ball Daima foi um anime péssimo."
Isso não é uma simples crítica. É um veredito. Vindo da pessoa que, nos bastidores, pressionava Toriyama a inovar, a matar personagens, a surpreender, essa frase é a confirmação oficial de uma crise criativa que já se arrasta há mais de uma década. O coração de Dragon Ball, Goku, parou de bater faz tempo. O que resta é um zumbi superpoderoso repetindo os mesmos movimentos.
A Estagnação do Herói: Por que Goku Parou no Tempo
Goku era o símbolo do potencial infinito. Um underdog puro de coração cuja jornada era sobre superação. O problema? Ele superou tudo, exceto a si mesmo.
Em Dragon Ball Super, Goku não é mais um personagem; é uma coleção de catchphrases e desejos. Suas motivações são um loop infinito: "Quero lutar com alguém forte" -> "Estou com fome" -> "Preciso de uma forma mais forte". O que era uma ingenuidade encantadora no passado se transformou em uma irresponsabilidade perigosa. Ele arriscou a existência de múltiplos universos por uma boa luta no Torneio do Poder, um ato que beira a vilania, não a heroísmo.
Onde está o custo? Lembram-se da morte épica contra Raditz? Do desespero sangrento em Namekusei? Cada vitória era conquistada com suor, lágrimas e um pedaço da alma. Hoje, as vitórias de Goku são resolvidas com uma nova transformação cabeluda e colorida. A tensão morreu. Sabemos que ele vai conseguir, não porque ele é inteligente ou estratégico, mas porque o roteiro exige um novo brinquedo para vender.
Torishima, o homem que entende de narrativa, vê isso. Uma boa história precisa de mudança, e Goku se recusa a mudar. Ele é uma relíquia de uma era mais simples, e sua força infinita soa oca sem uma transformação interior que a justifique.
Vegeta: O Verdadeiro Protagonista que Dragon Ball Merece (Mas Não Tem)
Quando Torishima defende uma série do Vegeta, ele não está sendo polêmico; está apontando para onde a alma da franquia fugiu.
A jornada de Vegeta é a maior história de redenção do shōnen. Ele começou como um genocida arrogante e, degrau por degrau, se tornou um guerreiro orgulhoso, um marido (ainda que desastrado) e um pai que quebrou o ciclo de abandono de sua raça. Ele luta contra demônios internos — a culpa por seu passado, o orgulho ferido, a luta para se encontrar em um universo onde ele não é mais o número um.
Em Dragon Ball Super, são os momentos de Vegeta que têm peso emocional:
Sua luta contra Toppo, onde ele defende o orgulho de um Saiyajin para salvar seu universo, é um dos clímax mais emocionantes da série.
Sua humildade ao treinar com Beerus, abandonando temporariamente sua rivalidade com Goku para buscar um caminho próprio.
Sua aceitação tranquila da mortalidade em Super Hero, priorizando a família de uma forma que Goku jamais conseguiria compreender.
Vegeta é complexo, contraditório e profundamente humano. Suas vitórias são merecidas, não previstas. Ele já não é um coadjuvante há muito tempo. Ele é o protagonista emocional de Dragon Ball, e uma série sob sua perspectiva poderia explorar temas adultos como paternidade, legado e a busca por um propósito além da simples luta.
Dragon Ball Daima: O Sintoma da Doença
Torishima chamar Daima de "anime lixo" é crucial. Não é só uma crítica à qualidade, mas ao conceito.
A premissa de Daima — transformar Goku em criança — é a admissão de derrota final. É a franquia gritando: "Não sabemos mais o que fazer com nosso herói adulto, então vamos reciclar a fórmula que funcionou nos anos 80!"
É um movimento regressivo e desesperado. Em vez de passar o bastão para Gohan (que teve seu arco ignorado), Pan, Uub ou, claro, Vegeta, a série prefere se encolher e voltar para o seu casulo. É uma tentativa vazia de pescar nostalgia, que acaba não agradando nem os fãs antigos, que veem a infantilização como um desserviço, nem os novos, que ficam confusos com a premissa.
Para Torishima, que uma vez exigia que Toriyama matasse personagens e corresse riscos, Daima deve ser a prova final de que Dragon Ball perdeu a coragem de evoluir.
O Veredito Final: É Hora de Passar o Bastão
A declaração de Torishima é um ponto de virada. Ela legitima um sentimento que já é maioria entre a base de fãs. O tempo de Goku como protagonista chegou ao fim.
O cenário do shōnen moderno é dominado por heróis como Tanjiro Kamado (Demon Slayer) e Yuji Itadori (Jujutsu Kaisen), personagens cuja força é diretamente ligada à sua empatia, trauma e crescimento pessoal. Em comparação, a obsessão unidimensional de Goku por lutar parece arcaica e desconectada.
Dragon Ball precisa de uma reinvenção corajosa. Precisa entender que seu legado não está preso a um único personagem, mas em um universo rico cheio de herdeiros prontos para brilhar. Gohan, Pan, Uub e, acima de tudo, Vegeta, carregam o DNA da série, mas com a profundidade emocional que o novo público exige.
Goku sempre será a lenda, o fundador. Mas toda lenda, em algum momento, vira história. E as melhores histórias são aquelas que sabem quando virar a página.
E você, concorda? A franquia deve se tornar "Dragon Ball: A Lenda do Príncipe Saiyajin"? Ou acha que Goku ainda tem muito a oferecer? O debate está aberto nos comentários!




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