Filme estrelado por Finn Wolfhard e Helena Zengel mostra que beleza e atmosfera podem compensar uma história convencional
Quando O Reino dos Ochi começou a ser exibido no Festival de Sundance 2025, o público presente no Library Center Theatre, em Park City (EUA), não conseguiu conter a empolgação. Os aplausos surgiram já nos primeiros minutos, durante uma cena de ação intensa que introduz o conflito central do filme: a caçada aos Ochi, criaturas primatas que assombram uma vila isolada. A protagonista Yuri (Helena Zengel) e seu pai, Maxim (Willem Dafoe), lideram um grupo de jovens em uma missão perigosa, em meio a florestas sombrias e tons de mistério.
Dirigido por Isaiah Saxon, conhecido por seus trabalhos em videoclipes, O Reino dos Ochi é uma experiência visualmente deslumbrante, que bebe da fonte do cinema fantástico dos anos 1980. A fotografia de Evan Prosofsky, cheia de contrastes entre luz e sombra, a trilha sonora grandiosa de David Longstreth (Dirty Projectors) e os efeitos práticos das criaturas Ochi remetem a clássicos como Labirinto (1986) e Gremlins (1984). O filme é uma carta de amor ao cinema que priorizava o artesanal, o palpável, em vez de excessos digitais.
A narrativa, no entanto, segue um caminho seguro e pouco inovador. A relação entre Yuri e seus pais (Dafoe e Emily Watson) lembra muito a dinâmica de Como Treinar o Seu Dragão, com conflitos familiares e uma jornada de autodescoberta que já vimos antes. Se o roteiro não surpreende, o filme compensa com personalidade e um elenco dedicado. Dafoe, em especial, rouba a cena como um pai teimoso e ferido, cuja redenção é tão abrupta quanto emocionante.
O Reino dos Ochi não reinventa a roda, mas entrega exatamente o que promete: uma aventura nostálgica, repleta de estilo e coração. Para quem busca uma experiência imersiva e bela, mesmo que previsível, o filme é uma aposta certeira. Afinal, às vezes, o charme está não na profundidade da história, mas na magia de seu mundo.
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